As redes sociais são uma fraude! O Zuckerberg escreve todas as mensagens!
O título desse artigo faz menção reverente e devotada a uma tagline de BBS. Se o termo lhe parece estranho, relaxe. Taglines nada mais eram do que “frases de para-choque de caminhão” que anexávamos ao final das mensagens que trocávamos em sistemas online, que vieram antes do boom da Internet comercial/doméstica. Raramente profundas, e muitas vezes irônicas, as taglines eram aquela anedota que “encerrava” uma mensagem.
Uma delas dizia: “A BBS é uma fraude! O Sysop escreve todas as mensagens”, como se tudo que fosse postado online, na verdade, fosse inventado pelo administrador do sistema (o tal Sysop).
Não gastem dinheiro à toa com redes sociais!
Eu lembrei dessa frase hoje ao ler um artigo genial no Mashable (que está com uma nova interface, sensacional). Em um texto denominado “Vamos admitir: a maior parte do Marketing em mídias sociais é desperdício de tempo” (livre tradução do original em inglês), Todd Wasserman escreve uma deliciosa compilação de ideias – e mais importante, fatos – sobre as redes sociais, que nós aqui da MicroSafe já martelamos há algum tempo em nossa série de artigos “Não gastem dinheiro a toa com redes sociais”, iniciada em 2011.
A ideia central do artigo de Wasserman é a seguinte: o marketing em redes sociais é extremamente importante e lucrativo… para quem vive de fazer marketing nas redes sociais!
Black Friday 2012 nos EUA: 0% de influência das redes sociais
Concretamente, um dos fatos que o artigo aponta, é um estudo que saiu essa semana, feito pela IBM, revelando que quase 0 (Zero!) por cento das compras da Black Friday americana, o maior evento de compras do ano naquele país, foram influenciadas pelo Facebook. E no caso do Twitter, o número foi zero mesmo!
Pára. Pensa. Se no maior evento de compras do ano, as mídias sociais pouco federam ou cheiraram para movimentar negócios… alguma coisa está muito errada, não?
Então de onde vem toda essa “pressão” para sua empresa estar no Facebook?
Como criar dificuldade para vender facilidade
Nós já falamos deste tipo de atitude no passado, aquele que anuncia dificuldade para vender facilidade. Falamos do exemplo do Second Life, que levou centenas (talvez milhares) de empresas a gastar verba de marketing com um canal duvidoso, apenas por puro medo de ficar de fora do que poderia ser a próxima onda. Falamos também de como achamos o Twitter um péssimo canal para marketing (olha o estudo aí em cima, quase um ano depois, confirmando o que dissemos).
Neste ponto, quem vive de vender marketing para redes sociais vai dizer: “você não entendeu, mídias sociais não são para vender, são para fidelizar os clientes, construir relacionamento (insira sua justificativa dois-ponto-zero aqui)”. Ao que respondo: eu não estou falando de vendas, eu sempre falei de marketing, que engloba vendas, fidelização, construção de público, relacionamento, fortalecimento de marca, e diversos outros fatores. E continuo achando redes sociais o mais desinteressante investimento na qual sua verba de marketing pode ser aplicada. O retorno é muito melhor em outras mídias.
Entre sua empresa estar no Facebook e me dar desconto..
E honestamente, como já disse no passado, à exceção de Blogs, mídia social é mais do mesmo. É pregar para o convertido. Analisando friamente, do ponto de vista “capitalista neoliberal assassino”, empresas que têm presença em mídia social, na minha opinião, acabaram é ficando mais vulneráveis a críticas e prejuízos concretos, sem conseguir igual retorno em marketing e vendas.
O autor cita um exemplo divertido do que digo acima. Fala que a United Airlines jamais respondeu qualquer tweet dele, e mesmo assim, admite que basta a empresa colocar a passagem $10 mais barata que ele continua comprando com ela assim mesmo. Tem que ter coragem de vir a público e dizer isso, a maioria de nós prefere não abrir o coração e revelar que gosta mesmo é de pechincha (e que só deu like na página para concorrer a alguma promoção). Sendo assim, a prioridade do consumidor 2.0, tão elevado pela mídia, continuaria sendo a mesma do ludita 1.0: preço. E depois a gente vê o serviço (E o autor é americano, antes que digam que isso é coisa de Brasileiro).
Tudo serve ao menos como mau exemplo
Um contra-exemplo: algo que eu considero realmente desperdício de dinheiro é contratar uma agência para ficar divulgando informações pelo Twitter ou Facebook da sua empresa… quando estas informações nada tem a ver com o seu negócio. Como cliente, por que diabos eu aprofundaria meu relacionamento com a sua empresa se visse, na sua página, uma informação regurgitada de um portal de notícias qualquer? Qual o vínculo que você espera que eu tenha com a página da Padaria do Zezinho no Facebook, se tudo que ela faz é postar notícias que a Internet já considera velhas?
Note bem, o problema não é repassar notícias, mas fazer isso apenas para “cumprir tabela”. A AOC e a Lenovo são 2 ótimos (péssimos!) exemplos disso, vivem repassando notícias que todo mundo já leu no G1, no UOL, e muitas vezes, sem a menor afinidade com a própria marca. Na verdade, como o autor acima também diz, ter destacado estes 2 exemplos é até injusto para com estas empresas, porque a maioria das páginas corporativas em redes sociais são um tédio absoluto, de informações requentadas. Por que simplesmente não optar por ficar sem dizer nada, quando não se tem coisa alguma interessante a dizer, caramba?
O que eu gostaria de encontrar em uma página de fabricantes de monitores? O endereço da assistência técnica mais próxima! Pergunta se ESSA informação tem na página da AOC no Facebook? Nada! Mas lá você vai encontrar uma notícia sobre o Batmóvel! Que todo mundo que é fã do Batman já leu muito antes em outro lugar, e quem não se interessa por isso só vai ter sua paciência esgotada com mais um ruído em sua timeline.
Pelo menos as dúvidas que são enviadas pelo Facebook, a AOC Brasil responde, e rápido. Pontaço pra eles. Essa é uma maneira efetiva de usar a presença de uma empresa nas mídias sociais. Oferecer um canal de fácil acesso é contemporizar de maneira efetiva algo que poderia se transformar em um verdadeiro problema, tanto para a empresa quanto para o consumidor.
O que fazer então?
Só que, voltamos a questão inicial: seu investimento em redes sociais está lhe dando retorno? No exemplo acima, em que esta mídia social está lhe ajudando? Apenas em criar um SAC baratinho. E pra fazer isso, você não gasta dinheiro à toa em redes sociais, faz de graça. Esse é o nosso ponto. Não é pra deixar de usar, é pra avaliar qualquer verba destinada a sua página do Facebook, e colocá-la em perspectiva dependendo do que você realmente quer tirar dela (eu chutaria que 90% dos empresários querem sempre ganhar mais clientes, com qualquer centavo que gastem).
Nada do que dissemos significa que você deve tirar sua empresa do Facebook ou do Twitter. Mas não gaste dinheiro a toa com redes sociais. Use-a de maneira transparente, realmente para bater papo com seus clientes, trocar ideias, e assim, ter um acesso valioso e de primeira mão à percepção que elas têm de seu negócio.
Você é profissional de redes sociais? Convença-nos que estamos errados. Adoraríamos ouvir sua opinião abaixo. Mas só depois de assistir o vídeo abaixo, uma paródia do The Onion (em inglês) extremamente familiar…