O Twitter é uma excelente rede social para usuários. Para empresas, nem tanto
Falhas constantes, polarização em entretenimento e efemeridade de conteúdo fazem do Twitter um passarinho verde para empresas
Nada melhor para começar 2012 do que uma pequena polêmica. Em nossa série analisando as redes sociais do ponto de vista da empresa que deseja investir nestes canais, comentamos que em breve falaríamos do Twitter. Chegou a hora.
Apesar de seu enorme sucesso e popularidade, a nosso ver, o Twitter tem 3 particularidades graves que não o tornam um veículo ideal para a comunicação e o marketing de sua empresa. A saber:
Falhas constantes
Você pode até nunca ter visto uma baleia antes. Até entrar no Twitter. O cetáceo é o símbolo mais persistente das falhas do serviço, aparecendo no lugar do site quando o mesmo está fora do ar. A alta frequência com que isso acontece torna-o irritante para o usuário comum, que só o tolera, porque é gratuito. Mas para empresas procurando um canal de contato constante com seus clientes, é impossível confiar no serviço. A consequência mais imediata disso é que, se não é confiável, como empresa, você não investe. Com efeito, já perdemos a conta de quantas vezes o plug-in do Twitter que exibe nossos Tweets em todas as páginas da MicroSafe aparece em branco, ou torna a exibição de nossas páginas mais lentas (por falhas do serviço, não nossas). Isto prejudica nossos índices de velocidade no Google, o que por tabela afeta nosso SEO. Conclusão? Estamos pensando seriamente em remover o plug-in de nossas páginas, e deixar apenas um link para o serviço, pois o trade-off de velocidade x benefício não está compensando. E está nos irritando, também
Polarização em entretenimento e personalidades
Enquanto no Facebook temos assuntos dos mais diversos, o Twitter ficou polarizado em entretenimento, o assunto número 1 buscado em redes sociais e na Internet em geral em 2011 (Novamente, é preciso pensar como empresa que irá usar sua verba de marketing, que é o mote destes posts). Dominam o Twitter as celebridades, os artistas, escritores, em geral, pessoas que já eram influentes antes do Twitter, e apenas usaram este canal para se relacionar diretamente com seus fãs (hoje mesmo descobri que meu cartunista favorito, o Laerte, entrou no Twitter em 25/12/11. Ele já tinha mais de 2.000 seguidores quando o adicionei, e este post foi escrito em 3/1/2012. Ele conseguiu esta legião porque entrou no Twitter? Não, ele conseguiu isso porque é o Laerte, e a notícia que ele entrou no Twitter foi dada pelo André Dahmer, outro cartunista que adoro e já seguia. Laerte tem muito mais de 2 mil fãs na vida real, que querem saber dele, e muitos deles, como eu, podem ter o Dahmer em comum, daí o pulo do gato).
Em seguida, mas muito distante do público acima em termos de números (tanto que aposto que o parágrafo anterior veio como supresa para muita gente que nunca seguiu a celebridade da hora no Twitter), vem o uso interpessoal (Tweets entre amigos), os avisos de localidade (“Fulano está no restaurante tal”), e enfim, as notícias, estas sim, o filão que toda empresa gostaria de pegar.
Enquanto de fato é possível imaginar um nicho para sua empresa engajar seus clientes em várias destas vertentes, se ela não for da área de entretenimento, ela não ressoará como você imaginaria que sua verba deveria ressoar. O caminho indireto seria “alugar” a popularidade de um Twitteiro que pudesse recomendar sua marca, entretanto, em minha opinião, só quem vai ganhar dinheiro com isso é ele: quem está no Twitter sabe diferenciar muito bem um post natural de propaganda disfarçada, acredite. E pode até criar aversão à sua marca.
Efemeridade de conteúdo
Talvez um dos maiores problemas do Twitter seja a efemeridade de seu conteúdo. Dada a profusão de Tweets diários, seu cliente piscou, ele perdeu a sua mensagem, e é muito difícil ele voltar atrás. Isso acontece porque a Timeline do Twitter, ou seja, o fluxo de mensagens que um determinado usuário recebe de várias fontes é tudo, menos organizado, a menos que o próprio usuário a organize manualmente. Muitos reclamam do Facebook tentar priorizar assuntos e postagens na Timeline dele, mas isso é bom, porque em teoria, assuntos mais relevantes para cada usuário apareceriam em destaque, e considero o algoritmo do Facebook razoavelmente bom nisso. Na verdade, só o fato dele existir já estimula o usuário do Facebook a customizá-lo, desliga-lo, enfim, interagir para arrumar sua TL.
No Twitter não existe qualquer facilidade destas, a não ser a criação de listas, que é tudo, menos simples (e agora, ainda por cima, na nova interface web do serviço, as listas ficaram ainda mais escondidas no menu! É claro que aqui não estamos considerando aplicativos de terceiros, como o HootSuite, ou qualquer outro, afinal de contas, eu quero investir em um serviço que dependa apenas de si mesmo para atingir o público que desejo).
Existe também o conceito de instantaneidade do Twitter, que nessa parte, não ajuda: um aviso que o centro da sua cidade está engarrafado é muito bom… naquela hora, e se você for um dos possivelmente afetados por esta informação. Fora isso, vira ruído na sua TL, e a tendência é que você descadastre a fonte logo depois do primeiro uso.
Como resolver tudo isso?
Como ter persistência na comunicação com seus seguidores, se o risco do seu Tweet ser ignorado, perdido ou mesmo relevado a segundo plano em face de outros conteúdos é enorme? Se você não é uma “celebridade do Twitter” (e convenhamos, tirando grandes empresas de renome, quem seria ao entrar no serviço?), a única saída é pagar para que seus Tweets sejam promovidos e apareçam em destaque nas hashtags do dia. Aí viria, talvez, uma aplicação racional de sua verba – resta saber se dá resultado. Além disso, o Twitter anunciou que inseriria Tweets de propaganda, forçadamente, na timeline de todos os usuários (e eu já vi acontecer), o que causou bastante polêmica ano passado. É a própria rede social se revoltando contra seus criadores.
Eu não investiria no Twitter por enquanto. Mantemos nosso canal por lá (@MicroSafe_Blog), respondemos instantaneamente qualquer Tweet, mas ainda preferimos o Facebook.
E você, o que acha disso tudo?