Microsoft Surface x Apple iPad 3 x Google Nexus 7 – Que mané Era Pós PC o quê…
Microsoft Surface, iPad 3 e Google Nexus: um olhar corporativo na nova leva de tablets
Em um artigo anterior já havíamos dito que a insistência da mídia em antagonizar escolhas tecnológicas, contrapondo o uso de ultrabooks ou notebooks contra tablets e outros dispositivos móveis, não faz sentido. As tecnologias são complementares, e não mutuamente exclusivas. Parece até falta de assunto.
Agora, depois que todas as cartas foram colocadas na mesa, gostaríamos de falar de outra buzzword que sempre nos incomodou: “a era Pós PC”.
Capitaneada principalmente pela Apple, que sempre teve no PC seu verdadeiro maior rival, “a era Pós PC” seria um mundo em que o computador tradicional, com monitor, mouse e teclado, não seria mais tão relevante, e daria lugar aos tablets e outros dispositivos móveis, “que já servem para tudo”.
Essa campanha da Apple, seguida pelo Google e, “por coincidência”, outras marcas que não fabricam PC´s, tem em seu principal patrono uma gigantesca ironia: com todos os números fantásticos que a Apple divulga, tem um que ela nunca fala – a participação irrisória que possui no mercado de PC´s, principalmente no mercado corporativo. A última estratégia para maquiar estes números foi considerar o iPad como se fosse PC. Assim, malandramente, ela aparece bem tanto nas estatísticas de tablets, como na de PC´s. O que, evidentemente, vai diretamente contra a filosofia acima. Se duvida que cara de pau não tem limites, pode verificar esta matéria de Maio de 2012 no site da PC Magazine:
Google Nexus 7 – E a Amazon sua frio
Esta semana o Google também colocou sua carta na mesa. O Google Nexus 7 é um tablet Quad-Core, de 7”, feito para bater de frente com… o Kindle Fire. Já pra mais de ano falamos que o mercado de tablets será dividido entre iPad e os outros. O Kindle Fire, como também noticiamos, dominava tudo que o iPad não pegava. Mas não sem limitações: quem compra Kindle Fire não tem a liberdade prometida pelo Android, pelo contrário, fica preso ao ecossistema da Amazon, que é excelente, mas sempre lhe deixa com aquele gostinho de “quero mais” (não tem SongPop para Kindle Fire ainda, por exemplo. Pode isso, Arnaldo?).
Com a chegada do Google Nexus 7, o Kindle Fire perde seu atrativo de preço de uma forma espetacular. Afinal de contas, quem irá comprar um Kindle Fire, quando pode ter um tablet incrivelmente superior, e ainda por cima, aberto, no Google Nexus 7, pelo mesmo preço? A Amazon vai ter que se mexer. Essa briga, em particular, promete!
O engraçado disso tudo é que a Amazon boicotou o iPad desde o lançamento de seu próprio tablet (tente achar o iPad na Amazon.com. Só aparecem modelos antigos, no fim da lista, e muito mais caros), como se ele fosse seu maior rival. Nunca foi. O Kindle Fire, como já dissemos, era pra quem queria ter um tablete basicão, sem gastar muito, mas que fosse de qualidade, e nisso o Kindle Fire era imbatível, até agora. Agora vai levar uma facada do sistema aberto que usou para criar seu ambiente proprietário. Chega a ser poético.
Microsoft Surface: colocando o PC de volta na era Pós PC
Vejamos o Microsoft Surface, por exemplo: ele tem um processo industrial revolucionário, mas o que chamou atenção nele mesmo foi… o teclado!
Eu uso um Kindle Fire há 7 meses. Tenho usuários de iPad por perto há 2 anos. Se existe algo que todos detestamos, em comum, é digitar em teclado on-screen no tablet. E aí vem a Microsoft e desenvolve algo que já tínhamos esquecido no mundo móvel: a Touch Cover, uma capa traseira que se desdobra em uma base e um teclado, acoplados magneticamente. Tudo, claro, da largura de uma lâmina de barbear. Tá bom, exagerei, mas deu pra pegar a idéia.
Tem mais. O Surface vai rodar Windows 8, tanto na versão para tablets, como no sistema operacional completo. Com um teclado e o Windows 8 Pro, nenhuma empresa terá que esperar a versão X da sua aplicação Y preferida “sair para tablet” em alguma gizmo store da vida. Ela já existe, é a mesma que você roda hoje no Windows 7.
Esse, talvez, seja o maior impacto do Surface no mercado corporativo, seara dominante da Microsoft, afinal de contas. Ao trazer de volta o PC para a era pós PC, a Microsoft mostrou um caminho, que antes, pensava-se divergente. O Windows 8 como carro chefe desta nova filosofia virá desde o servidor (agora, oficialmente, rebatizado de Windows Server 2012) até o desktop, passando pelo tablet, que também poderá ser usado como notebook. As fronteiras caíram.
O dono da bola não quer mais ficar no gol. E agora?
Não me entendam mal: adoro a Apple, o Google, a Amazon e também a Microsoft. Tenho produtos de todas. Mas não caio no conto de nenhuma delas. Cada uma quer puxar a brasa para a sua própria sardinha. O que chama mais atenção nesta recente onda de anúncios é que os grandes players do mercado estão correndo para desenvolver suas próprias soluções de software e hardware integrados. E o dono da bola é quem tem o software, neste caso, os sistemas operacionais Windows e Android. A Apple sempre deteve e uniu os 2, e muitos dizem ser esta uma das razões de seu sucesso comercial. Mas Microsoft e Google desenvolveram suas estratégias em cima de fabricantes OEM. Como ficam, por exemplo, Samsung e Lenovo (que apresentou um híbrido de notebook/tablet apenas meses antes do Surface) nesta história toda? Eles fazem produtos que rodam em plataformas detidas por… concorrentes, agora?
Se sobrevivermos a 2012, 2013 promete…